Minhas Homilias

Amigos, compartilho neste link algumas de minhas homilias....
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HOMILIA COMPARTILHADA DA MISSA DE  AÇÃO DE GRAÇAS PELOS 40 ANOS DE VIDA SACERDOTAL




Londrina, 13 de outubro de 2012

Pe. Ottomar Schneider


Introdução
 Estimados Assessores e Assessoras do Movimento de Schoenstatt no Regional do ParanáCaros membros das Comunidades da Família de SchoenstattQueridos participantes do Congresso de Outubro de 2012Meus familiares, amigos e amigas participantes da festa dos 40 anos do meu sacerdócio como Padre de Schoenstatt. Celebrar o jubileu de rubi do meu sacerdócio significa dar glória a Deus Trino pelo dom recebido, não em proveito próprio, mas para servir à Família de Schoenstatt e à Igreja de Cristo. Eu o resumi com as palavras, “ad ecclesiae vias parandas”, o seja, “para preparar os caminhos da Igreja”.
 Foi no dia 7 de outubro de 1972, aos 36 anos de idade que, Dom Aloísio Lorscheider, primeiro Bispo da Diocese de Santo Ângelo e, depois Cardeal-Arcebispo de Fortaleza e Aparecida, me impôs as mãos e me ordenou sacerdote. Isto, com certeza, desperta a curiosidade e levanta interrogações. Qual foi a origem de sua vocação e como ela se desenvolveu ao longo destes 40 anos de caminhada? Nesta homilia gostaria de pôr-me à disposição desta e de outras perguntas e tentar respondê-las brevemente.










 

1. Padre, até que ponto a sua família natural o influiciou no despertar e na perseverança em sua vocação religiosa e sacerdotal?


Minha mãe, Maria Amália Lunkes Schneider, sempre sonhou com um filho padre. Ela revelou-me um dia, de que antes de pensar num namorado, já pedia a Deus para que lhe concedesse um filho sacerdote. Sabendo deste anseio de minha mãe, eu sempre me defendia contra o seu “assédio” sacerdotal.

E, por que esta ânsia de ser mãe de um filho sacerdote? É que o ambiente religioso de minha família o favorecia. A região, em que eu nasci e me criei, era toda impregnada da devoção aos três “Mártires do Rio Grande do Sul”, São Roque Gonzales de Santa Cruz (
1576
-1628), São João de Castilhos (1595-1628) e Santo Afonso Rodrigues (1598-1628). O coração do Missionário Roque Gonzales, até hoje está conservado num relicário, na cidade de Assunção, no Paraguai. Além do mais, a região de Cerro Largo, povoada em 1902, tendo à frente o Padre Jesuíta Max von Lassberger, ao longo de 50 anos, foi constituída apenas por famílias católicas e praticantes.

Como se deu o meu despertar para a vocação sacerdotal, e depois ingresso na Congregação dos Irmãos Maristas, que não possui Sacerdotes, eu o conto no DVD do “Meu encontro com o Padre Kentenich”. Apenas gostaria de dizer que minha mãe ficou profundamente desapontada, quando lhe comuniquei a decisão de ingressar na Comunidade Marista e não seguir a vida sacerdotal. Contudo, 16 anos mais tarde, a alegria voltou a embalar o seu coração, no momento em que me decidi ceder ao forte chamado de Deus para o sacerdócio e ingressar na recém- fundada Comunidade dos Padres de Schoenstatt.
 
2.  
Onde o senhor bebeu este seu profundo amor à Mãe de Deus e até que ponto Ela lhe ajudou a viver o sacerdócio?


O próprio ambiente religioso da Região Missioneira estava profundamente impregnado de espírito mariano. Era a devoção a Nossa Senhora Conquistadora, cuja imagem original, o Padre Roque Gonzales havia mandado pintar. Ela seguia como uma bandeira diante dos Missionários, quando eles avançavam floresta adentro, com o objetivo de catequizar os Índios Guaranis do lado esquerdo do Rio Uruguai.

Por outro lado, o ingresso na Congregação dos Irmãos Maristas significou para mim, um verdadeiro mergulho na terna devoção a Maria de São Marcelino Champagnat. Sua Imagem preferida era “La Bonne Mére” – a Boa Mãe. Conta a história da Congregação: “O amor filial à nossa Boa Mãe, vivenciado no cotidiano, cristalizou uma confiança capaz de unir os desejos dos Filhos de Maria num mesmo ideal, ou seja, aquele de fazê-la conhecida e amada”.[1]

Com esta dupla raiz mariana, o meu ingresso na Comunidade dos Padres de Schoenstatt, somente podia levar-me a um grau muito elevado de amor à Mãe de Deus. O encontro com a Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável, em seu Santuário de Schoenstatt, abriu-me ainda mais os tesouros de um terno e filial amor à querida Mãe Celeste. Minha Aliança de Amor levou-me, ao mesmo tempo, a um encontro pessoal com o “Dilexit ecclesiam” de nosso Pai Fundador e torná-lo a meta consistente do meu sacerdócio.

3.  
O que significa para o seu sacerdócio, o fato de ter conhecido pessoalmente o nosso Fundador, Padre José Kentenich?


Aqui devo revelar um pequeno segredo pessoal. Nos primeiros anos de minha vida religiosa e sacerdotal, eu sempre lutava com um secreto sentimento de “inveja”. Aquelas pessoas que tiveram a graça de conviver com os Santos, deviam ser pessoas muito felizes. Mas, qual não foi minha alegria, quando, subitamente me deparei numa Família Religiosa, inteiramente empenhada na educação de “santos da vida diária”. E, com muita gratidão me de conta, de que me foi dado estar em contato pessoal com o Pai Espiritual destes “santos modernos”. Mais ainda, a mim me foi dado conviver com dois candidatos aos altares – os Servos de Deus, João Luiz Pozzobon e Mário Híriart – cujos processos de canonização já estão em Roma.


 
Por outro lado, meu sacerdócio somente tem sentido no seguimento de nosso Pai e Fundador, como modelo de uma nova imagem sacerdotal na Igreja, neste tempo em transformação. Com ele aprendi a exercer o meu sacerdócio na força da Aliança de Amor com a Mãe e Rainha de Schoenstatt e impulsionado pela Fé Prática na Divina Providência. É esta realidade que me estimula, a cada dia de novo, a tornar-me aquele “sacerdote de ouro” que o nosso Pai e Fundador almeja. Somente ele é capaz de tocar o coração das pessoas que se confiam aos cuidados pastorais de um Padre de Schoenstatt.

Do Padre Kentenich eu aprendi, o que é ser um Sacerdote “pai e profeta”, um amante apaixonado da Família de Schoenstatt e da Igreja de Cristo. É o que tento representar no meu símbolo sacerdotal, confirmado e abençoado por ele, em julho de 1967.


















4.   Ao longo dos 40 anos de sacerdócio o senhor sempre esteve a serviço do Movimento Apostólico de Schoenstatt. Qual foi o Ramo ou a Comunidade de Schoenstatt que representou sua maior alegria sacerdotal?


Na verdade, eu amo de coração a toda a Família de Schoenstatt. No entanto, o que julgo ser natural, a Comunidade que mais profundamente está enraizada no meu coração sacerdotal, é a dos Padres de Schoenstatt. Eu tive a graça de vê-la brotar das mãos paternais de nosso Pai e Fundador. A ela entreguei a minha vida. Por isso, ela foi o objeto do meu amor e da minha preocupação diuturna ao longo destes 40 anos de vida sacerdotal. Sem ela eu não encontraria o meu lugar na Família de Schoenstatt e nem na Igreja.

Quanto ao Ramo do Movimento com que mais consegui identificar-me ao longo destes 40 anos de vida e atuação sacerdotal, é o da Juventude, por ter sido usado com instrumento pela Mãe de Deus para ajudá-la a nascer na Diocese de Santo Ângelo/RS, em 1964, e junto ao Santuário Sião de Jaraguá/SP, em 1975. E, dentre as Comunidades de Schoenstatt, devo declarar o meu amor preferencial pela União dos Presbíteros que, também, me foi dado iniciar no final dos anos 70 e início de 80; e, igualmente, a União de Famílias que pude ajudar a iniciar no Brasil em 1989.

Isto não significa que os demais Ramos e Comunidades não possuam um lugar predileto no meu coração sacerdotal. Sempre experimentei a mesma alegria de servi-los com toda dedicação, porém, é natural que o coração bate mais forte para quem nos é dado gerar espiritualmente.
 
5.  
Qual foi o segredo de manter-se, ao longo dos seus 40 anos de sacerdócio, como um Padre sempre disponível, fecundo e feliz?

Esta pergunta não é fácil de responder. Ela toca no nervo da minha vida sacerdotal. Este segredo é constituído por uma série de fatores. Em primeiro lugar, para ser um Padre feliz eu precisei, a exemplo de nosso Pai e Fundador, abraçar o sacerdócio por inteiro, ou seja, de corpo e alma. Isto exigiu fidelidade no dia-a-dia, à vida de oração, rezando regularmente o Breviário, celebrando a Eucaristia com amor e devoção – posso contar nos dedos de uma mão os dias em que deixei de celebrar a Santa Missa, ao longo destes 40 anos, porque realmente não me foi possível – o cultivo de uma forte vinculação ao Santuário da Mãe de Deus, através da Aliança de Amor e uma disposição constante de serviço aos irmãos e às irmãs, mediante a administração dos Sacramentos da Igreja e do anúncio competente da Palavra de Deus e, tantos outros afazeres que são próprios de um Sacerdote.

A fecundidade sacerdotal que me foi dado experimentar, ao longo destes 40 anos, inclui muito contato pessoal, estudo e preparo pedagógico para os encontros, retiros, celebrações, palestras, homilias e direções espirituais. Ao longo destes anos todos, fui entendendo que, para ser um bom Padre aprende-se mais aos pés do Tabernáculo, do que mergulhando a cabeça nos livros.

Ali, no Santuário da Mãe de Deus aprendi o que o Padre Kentenich quis dizer, em 1952, no Chile, quando disse a dois Noviços dos Padres Palotinos que recebiam o hábito: “Nós temos que tornar-nos pessoas filiais; sim, verdadeiras ‘cabeças de criança’. E, a maior cabeça de criança em Schoenstatt, esta sou eu”.
[2]











Conclusão

Estimada Família de Schoenstatt, meus caros familiares e amigos. Estas são algumas pinceladas sobre os meus 40 anos de vida sacerdotal, a serviço do Movimento de Schoenstatt e da Igreja. Orientando-me sempre na imagem sacerdotal do Padre José Kentenich, pude tornar-me consciente da minha missão sacerdotal e um Padre muito feliz. Se me fosse dado recomeçar, eu faria tudo de novo, apenas com uma ressalva: Eu me concentraria ainda mais na essência da espiritualidade mariano-patrocêntrica de Schoenstatt e confiaria muito mais na ação de Cristo e Maria em mim e por mim, do que no meu próprio esforço e na minha atuação pedagógica e pastoral. Eu tentaria viver melhor a máxima de Schoenstatt: “Nada sem vós e nada sem nós!”

Nesta celebração Eucarística de Ação de Graças, quero oferecer a Santa Missa na intenção de todas as pessoas que a Providência Divina colocou no meu caminho ao longo destes 40 anos. Rogo a todos os presentes que me ajudem a agradecer pelas inúmeras graças recebidas e para que eu possa alcançar a graça da fidelidade até o final de meus dias!
Louvados sejam Jesus e Maria!


[1] Cf. Édison Hüttner, Marcelino Champagnat dos braços ao Coração de Maria, @EPURCRS, 2000.
[2]  Cf.  P. Peter Locher, Mit Herz und Humor, Erzählungen aus dem Leben Pater Kentenichs, Vallendar-chönstatt, 1981, p. 114-115.



O sonho
De ajudar na construção da Igreja “Mariana” de Cristo

Homilia por ocasião da Solenidade do Jubileu de Rubi celebrado em São Paulo - Santuário Sião
Jaraguá/SP, 07 de outubro de 2012.
Pe. Ottomar Pedro Schneider
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Estimado Sr. Bispo, Dom Milton Kenan Júnior.
Caríssimos Padres, Coirmãos no Sacerdócio.
Queridos membros das Comunidades e do Movimento Apostólico  de Schoenstatt.
Caros Peregrinos da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt!

A Liturgia deste XXVII domingo do Tempo Comum nos fala da família e, em especial, da indissolubilidade do matrimônio. Na leitura do Gênesis (2,18-24), Deus cria a Mulher como companheira inseparável de Adão. E, Deus dá a ordem válida para todo gênero humano: “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne”. Na Carta aos Hebreus (2,9-11), São Paulo nos mostra a íntima união dos seres humanos com a Pessoa humano-divina de Cristo, dizendo: “Por esta razão, Ele não se envergonha de os chamar irmãos”. E, no Evangelho de São Marcos (10,2-16), ouvimos Cristo proclamando a indissolubilidade do matrimônio, com as palavras: “O que Deus uniu, o homem não separe”. Em seguida chamou a tenção dos Discípulos para as crianças, os filhos,  advertindo-os: “Em verdade vos digo, quem não receber o Reino de Deus como uma criança não entrará nele”. 

Hoje, há 40 anos, Dom Aloísio Lorscheider, o então primeiro Bispo da Diocese de Santo Ângelo e depois Cardeal de Fortaleza e Aparecida, impôs-me as mãos, tornando-me Sacerdote da Igreja de Cristo. Era sábado, festa de Nossa Senhora do Rosário. Eu havia escolhido esta comemoração para, como Padre de Schoenstatt, dar testemunho de meu amor a Maria e na minha caminhada sacerdotal à sombra do Santuário Sião, percorrer os mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos do Rosário. Senti-me confirmado nesta escolha, quando o Beato Papa João Paulo II, no dia 16/10/2002 acrescentou os mistérios da luz.

A história de minha vocação sacerdotal é longa e, de certa forma, “aventureira”. Eu a conto no DVD do “Meu encontro com o Padre Kentenich”. Porém, ela está baseada num SONHO que me acompanhou ao longo destes 40 anos de vida sacerdotal. Confesso que tenho alimentado este SONHO todos os dias, armazenando em meu arquivo pessoal mais de 15.000 pequenos textos de reflexão referente a este tema.

Se o Sr. Bispo me permitir, vou abrir meu coração e expor, em poucas palavras, este meu sonho sacerdotal. Ele pode ser descrito assim: “O sonho de ajudar a construir a Igreja ‘Mariana’ de Cristo”.

Desde a minha juventude eu entendi que, para mim, “deixar meu pai e minha mãe e unir-me à minha mulher” (Gen 2,24), era desposar em Cristo a própria Igreja, que Maria personifica de modo admirável. Com São Paulo, também entendi que, como Padre de Schoenstatt eu não devo envergonhar-me de “chamar irmãos” (Heb 2,11) todos os seres humanos que a Providência colocou no caminho de minha vida sacerdotal e trabalhar pela salvação de suas almas. Além disso, neste trecho do Evangelho de São Marcos, eu entendi que, uma vez ordenado Sacerdote, valia também para mim a palavra de Jesus: “O que Deus uniu o homem não separe!” (Mc 10,9). Entendi que a finalidade deste “conúbio esponsal” com a Igreja de Cristo é para ajudar a construir a grande Família de Deus, neste tempo do desmoronamento da família.  

Por que, então, o sonho de construir a Igreja “Mariana de Cristo?

Primeiro, porque sou filho espiritual do Servo de Deus, Padre José Kentenich. Foi ele que me aceitou, pessoalmente, na Comunidade dos Padres de Schoenstatt, no dia 31/10/1966. E, sobre seu túmulo ele quis que constasse a palavra: “dilexit ecclesiam” – ele amou a Igreja!
 
                       

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Em segundo lugar, porque o bom Deus me chamou para esta época em que, tanto a Igreja de Cristo, construída por Cristo sobre a “Rocha de São Pedro” (Mt 16,18), como também, Maria, a nossa Mãe e Rainha, ambos são desconsideradas e, até certo ponto, combatidas nos meios cristãos não católicos. Porém, sinto também, que Maria Santíssima, ainda não é suficientemente conhecida, reconhecida e amada como a “Grande Missionária, e Ela fará milagres!” (São Vicente Pallotti) no campo pastoral de nossas comunidades e paróquias. Por isso, desde que me tornei Padre, experimento algo do Divino Mestre: "O zelo por tua casa me devora" (Jo 2, 17).

Onde está, então, para mim, o fundamento deste sonho de ajudar a construir “a Igreja Mariana de Cristo” neste tempo da pós-modernidade?

Primeiramente, quanto mais leio e medito a Palavra de Deus, sempre de novo me defronto com a indissolúvel unidade entre Cristo e Maria. Já no início da Bíblia, quando Deus pronuncia a sentença sobre o pecado original de Adão e Eva, Ele falou: “Porei uma hostilidade entre ti e a Mulher, entre a tua linhagem e a linhagem dela. Ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gen 3,15). E no final da Bíblia, no Apocalipse de São João, Ela aparece de novo, como o Grande Sinal no céu, a “Mulher vestida com o sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas...” (Apoc 12,1ss.). Se eu abro qualquer um dos quatro Evangelhos, vejo-a inseparavelmente unida à Pessoa humano-divina de Jesus, tanto na sua vida oculta, como pública.

Assim, por exemplo, na Encarnação do Verbo (Lc 1,26-38), na santificação de São João Batista, ainda no ventre materno (Lc 1,39-45), no nascimento de Jesus na Gruta de Belém (Lc 2,1-20), na visita dos Magos (Mt 2,1-12), nas profecias de Simeão e Ana (Lc 2,33-38), como também, na perda de Jesus no Templo aos 12 anos (Lc 2,41-46). Logo no início da vida pública de Jesus, nas bodas em Caná da Galileia, onde ela pronunciou a sua última palavra, dizendo aos serventes da festa: “Fazei tudo o que Ele os disser” (Jo 2,1-12); ao pé da Cruz, onde o Redentor, já agonizante, dita o seu testamento, dizendo: “Mulher, eis teu filho” – “Eis tua Mãe” (Jo 19,25-27); e, também, no Cenáculo, onde os Discípulos, consternados pela partida do Mestre, passaram a “perseverar na oração com Maria, a Mãe de Jesus” (At 1,14) e, somente assim, com a vinda do Espírito Santo, eles se tornaram “uma só alma e um só coração” (At 4,32-35).

Outra fonte deste caráter mariano da nossa Igreja é o ensinamento dos “Santos Padres” que, ao longo dos dois mil anos de Cristianismo não se cansam de mostrar as prerrogativas de Maria e a assinalar, sempre de novo, o papel preponderante que Ela ocupa no seio da Igreja de Cristo. No Oriente destaca-se Santo Efrém (306-373), o poeta mariano que ponta Maria, como a “imune de toda mancha de culpa”. No Ocidente, Santo Irineu (ca. 130-202) chama a Maria, a “Advogada de Eva” e a mostra como a “Nova Eva” ao lado de Cristo, o “Novo Adão”. São Gregório Magno (Papa de 590 a 604) “invoca Maria e afirma que por sua intercessão recebera a verdadeira doutrina da fé sobre a Santíssima Trindade”.

Eu poderia prosseguir nesta observação, olhando para São Bernardo de Claraval (1090-1153), “chamado o doce poeta de Nossa Senhora”, que ditou a palavra profética em torno da Imagem da Mãe Três Vezes Admirável do Santuário de Schoenstatt: “O servo de Maria jamais perecerá”. Ou então, São Luiz Maria Grignon de Montfort (1673-1716), cujo “Tratado da Verdadeira Devoção a Maria” é um verdadeiro compêndio de teologia marial, que nos revela o mistério da Mãe de Deus a serviço da salvação de toda a humanidade. Enfim, nosso Fundador, Padre José Kentenich (1885-1968), que vê Maria como a “Companheira e Auxiliar oficial e permanente de Cristo em toda Obra da Redenção”.  

Mais ainda! Se nós fixarmos nosso olhar nos Concílios Ecumênicos da Igreja, vemos Maria sendo destacada como a “Theotokos”, ou seja, a “Mãe de Deus” (Concílio de Éfeso, em 431), bem como, sua “Virgindade Perpétua” (II Concílio de Constantinopla, em 553). Porém, acima de tudo, o Concílio Vaticano II (1961-1965), que o Papa Bento XVI almeja ver, agora, reestudado por toda a Igreja, com a abertura do “Ano da Fé” (de 11 de outubro de 2012 a 24 de novembro de 2013), qual os Bispos condensaram, no capítulo VIII da Constituição Dogmática “Lumen Gentium” – a luz das nações – todo o compêndio das verdades sobre Maria.   E o Papa Paulo VI (1897-978) presenteou os fiéis da Igreja com a “Exortação Apostólica ‘Marialis Cultus’ para uma reta ordenação e desenvolvimento do culto à bem-aventurada Virgem Maria” (2/2/1974). Além dosso, João Paulo II (1920-2005), ao  assumir a condução do Barco de São Pedro (de 16/10/1978 a 2/4/2005), adotou como Lema do seu Pontificado, o “Totus Tuus” – Todo teu (Maria).



Portanto, Sr. Bispo, eu entendi que a nossa Igreja Católica está inteiramente  impregnada desta unidade entre Cristo e Maria. Por isso, na vida e ação pastoral de suas comunidades, esta “unidade indissolúvel”, também precisa tornar-se uma realidade concreta e vivida. E é para esta tarefa ingente que eu me senti chamado ao longo de meus 40 anos de vida sacerdotal, como Padre de Schoenstatt. Buscando viver, dia e noite, a Aliança de Amor com a Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt e orientando-me no “dilexit ecclesiam” de nosso Fundador, o Servo de Deus Padre José Kentenich, estou plenamente convicto, de que o meu SONHO vem de Deus e que devo seguir sonhando com a “Igreja Mariana de Cristo” até o final de meus dias.

O pequeno poema que escrevi no dia 25 de março de 1972, em preparação à minha ordenação sacerdotal, hoje, após 40 anos de caminhada, posso seguir declamando como Padre de Schoenstatt no dia-a-dia de meu ministério sacerdotal. Ele é o “Ad ecclesiae vias parandas” – para preparar os caminhos da Igreja, vivido.

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Nós, Maria

1. Onde quer que eu ande – eu e tu,
     onde quer que eu pare – tu e eu:
em caminha ou em casa – eu e tu,
em tudo e com todos – tu e eu;
agora e sempre – eu e tu, tu e eu,
nós, Maria!

2.  Quer na aurora da vida – eu e tu,
quer no ocaso dos anos – tu e eu:
na mocidade ou na velhice – eu e tu,
em tudo e com todos – tu e eu;
agora e sempre – eu e tu, tu e eu,
nós, Maria!

3.  Quer celebrando a Eucaristia – eu e tu,
quer no cultivo dos trigais – tu e eu:
no altar ou no campo – eu e tu,
em tudo e com todos – tu e eu,
agora e sempre – eu e tu, tu e eu,
nós, Maria!

4.  Quer no ofertório da virgindade - eu e tu,
quer na comunhão do matrimônio - tu e eu:
no Santuário ou no lar – eu e tu,
em tudo e com todos – tu e eu;
agora e sempre – eu e tu, tu e eu,
nós, Maria!

5.  Quer na primavera do amor – eu e tu,
quer no outono da fidelidade – tu e eu:
no Tabor ou no Calvário – eu e tu,
em tudo e com todos – tu e eu;
agora e sempre – eu e tu, tu e eu,
nós, Maria!

6.  Quer junto ao leito do enfermo – eu e tu,
quer ao redor da lareira – tu e eu:
no hospital ou na estrada – eu e tu,
em tudo e com todos – tu e eu;
agora e sempre – eu e tu, tu e eu,
nós, Maria!

7. Quer os braços cobertos de rosas – eu e tu,
quer as mãos repletas de espinhos – tu e eu:
na alegria ou na dor – eu e tu,
em tudo e com todos – tu e eu;
em tudo e com todos – eu e tu, tu e eu,
nós, Maria!

8.    Quer peregrino na existência – eu e tu,
quer na eterna paz do Senhor – tu e eu:
na terra ou no céu – eu e tu,
em tudo e com todos – tu e eu;
agora e sempre – eu e tu, tu e eu,
nós, Maria!


Louvados sejam Jesus e Maria!

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<!--[if !supportFootnotes]-->[1]<!--[endif]--> “Non erigitur vir nisi per feminam!” - O homem não é redimido a não ser pela mulher (São Bernardo de Claraval, comentado pelo Padre José Kentenich, em “Kentenich-Reader”, III vol.)
<!--[if !supportFootnotes]-->[2]<!--[endif]--> “Tudo que sou e tenho devo à Mãe de Deus” (Servo de Deus Padre José Kentenich).
<!--[if !supportFootnotes]-->[3]<!--[endif]--> Esta é a síntese do meu sonho de “ajudar a construir a Igreja ‘Mariana’ de Cristo”, elaborado em 1963, na cidade de Uruguaia/RS. O “Px” de Cristo, no centro do círculo, em vermelho, e o M de Maria, em azul, permanecem inseparavelmente unidos e adequados à realidade pessoal de cada pessoa: Cristo, o Homem-Deus, e Maria, a imagem mais perfeita do ser humano, se complementam na sua missão salvífica da humanidade.

<!--[if !supportFootnotes]-->[4]<!--[endif]--> Esta “Cruz da Unidade” nasceu em Santa Maria/RS, nos anos 60. Seu autor é o Pe. Angel Cerrô, da Comunidades dos Padres de Schoenstatt no Chile. Conquistada espiritualmente, no ano 1969, pelos membros do Curso “Filii Patris ex Coenaculo” – Filhos do Pai a partir do Cenáculo – ao qual eu pertenço, para o Santuário Sião de Jaraguá/SP, a Cruz foi roubada em 2011. Este fato reforçou, ainda mais, meu sonho de “ajudar a construir a Igreja Mariana de Cristo” numa época tão carente de pessoas de fé e honestidade.

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A Venerável Ir. M. Emilie, um reflexo vivo de Maria, Assunta ao Céu em Corpo e Alma

Homilia da Missa na TV Tarobá, 18/08/2012
Pe. Ottomar Schneider


  

                                                                 
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Caras irmãs e caros irmãos!
Estimados telespectadores!

Hoje, nós comemoramos com toda a Igreja de Cristo, a festa da Assunção da Santíssima Mãe de Deus ao Céu em Corpo e Alma. Nós nos alegramos, igualmente, pelo decreto do Papa Bento XVI, assinado no dia 10 de maio de 2012, no qual declara VENERÁVEL a Serva de Deus, Ir. M. Emílie Engel. Se nós olharmos, atentamente, para os dois eventos em foco, podemos descobrir um misterioso laço que une um ao outro.
De Maria Assunta ao céu em corpo e alma nos fala o grande Bispo da Igreja Católica,<!--[if !supportFootnotes]-->[1]<!--[endif]--> São João Damasceno (675-749):

- convinha que Aquela que guardara ilesa a virgindade no parto, conservasse seu corpo, mesmo depois da morte, imune de toda corrupção;
- convinha que Aquela que trouxe no seio o Criador como criancinha fosse morar nos tabernáculos divinos;
- convinha que a pessoa desposada pelo Pai, habitasse na câmara nupcial dos céus;
- convinha, tendo demorado o olhar em seu Filho na Cruz e recebido no peito a espada da dor, ausente no parto, o contemplasse assentado junto do Pai;
- convinha que a Mãe de Deus possuísse tudo o que pertence ao Filho e fosse venerada por toda criatura como Mãe e Serva de Deus.



Se olharmos, agora, para a venerável figura da Irmã M. Emílie, nós descobrimos nela traços que a aproximam da Mãe de Jesus na Glória e nos levam a exclamar, igualmente, com São João Damasceno:
- convinha que aquela, que pela intercessão da Mãe Três Vezes Admirável no seu Santuário de Schoenstatt foi curada de sua grave enfermidade de alma, permitindo-lhe tornar-se uma filha predileta da Providência Divina, fosse agora reconhecida pelo Magistério da Igreja, como mais uma intercessora em Cristo, junto ao Trono do Deus;
- convinha que aquela, a cujo frágil corpo o bom Deus permitiu ser tomado por um progressivo atrofiamento, sendo-lhe apenas preservada a lucidez da mente e a mobilidade da mão, para poder seguir escrevendo suas cartas de estímulo e exortação às Irmãs de sua Província, da qual foi uma Superiora exemplar, até o final de sua vida, fosse reconhecida diante do mundo em sua forte autoridade moral;
- convinha que aquela, que se consagrou inteiramente à Obra Internacional de Schoenstatt pela Aliança de Amor, tivesse aprovada a heroicidade de suas virtudes teologais e morais pelo Santo Padre o Papa Bento XVI;
- convinha que aquela que, segundo o Fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt, e também Servo de Deus, Padre José Kentenich, possui “a missão de libertar os homens do medo, da aflição e de abrigá-los no coração de Deus”, fosse colocada pela Igreja à veneração pública dos os fiéis.

Assim, a Venerável Ir. M. Emilie representa para o nosso tempo, tão dominado pela angústia e a violência, um verdadeiro Anjo de paz e de confiança em Deus, neste Deus que realmente “é Pai e é bom e bom é tudo o que Ele faz”; sim, Ele vela com amor de Pai sobre todas as suas criaturas, desde a mais insignificante, até as mais importantes do nosso planeta. Ele é o Senhor da Vida e da História!

Assim, a Venerável Ir. M. Emílie Engel nos desafia, hoje, também a nós, caros telespectadores, de nos tornarmos filhos e filhas confiantes na Providência Divina, construtores de uma sociedade mais humana, mais familiar e fraterna.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
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<!--[if !supportFootnotes]-->[1]<!--[endif]--> Cf. Papa Pio XII, Constituição Apostólica Munificentissimus Deus.

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Londrina, 24 de Junho de 2012, Natividade de São João Batista
Por Pe. Ottomar Schneider 


O que João Batista nos ensina hoje?


Caros ouvintes, estimados irmãos e irmãs!
Estamos celebrando, com toda Igreja de Cristo, a festa de São João Batista. Ele é uma das figuras centrais da História da Salvação, no limiar do Antigo e do Novo Testamento. Nós podemos confrontar sua figura profética e sua mensagem carismática com a realidade do tempo de hoje. O que nos sugere? Três termos fundamentais: eleito, santificado e enviado!

1.     Eleito

João Batista foi eleito, antes mesmo de ser concebido no ventre materno. Prova disso, é o seu anúncio por São Gabriel. Conhecemos a cena (cf. Lc 1,5-23). Durante suas funções no Templo, em Jerusalém, Zacarias, sacerdote da Antiga Aliança, recebeu a visita do Anjo do Senhor. O Arcanjo é o mesmo que visitará, seis meses mais tarde, a Maria para anunciar-lhe a Encarnação do Verbo em seu seio virginal.
O Deus da Aliança quis, portanto, mostrar o motivo de sua eleição: será o maior de todos os Profetas. João Batista foi o último dos Profetas do Antigo e o primeiro do Novo Testamento. A comparação com o Elias, arrebatado ao céu num carro de fogo (cf. 2 Reis 2,1-18), mostra sua grandeza e a sua missão única, de anunciar a chegada do Redentor do mundo. Coube a ele preparar os caminhos do Senhor (cf. Mc 1,1-8). Para isso, o Espírito Santo levou-o a preparar-se “nos desertos, até o dia em que se manifestou a Israel” (cf. Lc 1,80). Ele é, portanto, o eleito do Senhor!

2.     Santificado

João Batista foi santificado, ainda no seio materno. De que forma? Pela simples presença do Redentor, oculto no seio virginal de Maria. Desta forma, São João Batista, como Maria, nasce sem o pecado original. Ambos foram redimidos por Cristo, antes mesmo do Sacrifício do seu Sacrifício na Cruz, o qual redimiu toda humanidade. Portanto, ambos, Maria e João Batista, vivem isentos do pecado original. Ela, antes mesmo da concepção; ele, na véspera do seu nascimento. A inocência de ambos deu-se em vista dos futuros méritos de Cristo no Calvário. Esta isenção do pecado original deu-se, em razão de sua eleição, para participar com Ele na Obra da Redenção da humanidade.
Portanto, no nascimento de São João Batista houve, novamente, um clima de paraíso sobre a face da terra. Assim, como Adão e Eva, no início da Criação, antes da queda original, agora, na casa de Isabel e Zacarias, Jesus, Maria e João Batista enchem o ambiente desta atmosfera paradisíaca de santidade intacta e inquebrantável. O mundo voltou, pois, a experimentar a inocência original nos seres humanos. Deus pode, novamente, deleitar-se em estar com os filhos dos homens (cf. Gen 2,4-25) e alegrar-se com eles. Por isso, tanta alegria no (cf. Lc 1,57-66). E, quão grande não deve ter sido, também, a admiração e alegria dos Anjos, bem como, inveja de Lúcifer e seus sequazes, ao perceberem este clima paradisíaco em Ain Karin! Portanto, santificado ainda no ventre materno!

3.     Envidado

A eleição e a santificação de João Batista não possuíam, apenas, um caráter pessoal; porém, universal! Ambos, João e Maria, foram eleitos, santificados e enviados, como o Filho bem-amado do Pai, para a redenção de toda humanidade. Por isso, uma vez adulto, lá encontra-se João Batista, junto ao Rio Jordão, batizando e pregando a penitência ao povo (cf. Jo 1,19-34). Por que a penitência? Para que, também o povo fosse libertado do pecado, em preparação à chegada do Reino de Deus. E este Reino já está presente entre os homens (cf. Mc 1,15).
O momento alto da vida de João Batista foi, sem dúvida, quando  seu devo de Profeta se levanta para aprontar à humanidade toda, o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). E, como nos diz o prefácio da Missa da festa de São João Batista, “batizou o próprio autor do Batismo, nas águas assim santificadas”. Assim, cumpria-se a palavra de envio, do início do Evangelho de São João, o Discípulo Amado: “Houve um homem enviado por Deus. Seu nome era João. Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele” (Jo 1,6-7). Portanto, eleito, santificado e enviado!

Aplicação a nós hoje

Após 2000 anos, o mundo precisa voltar a confrontar-se com a figura de São João Batista. Como o Povo Eleito, na época do seu nascimento, a humanidade voltou a romper a fidelidade à Nova Aliança, selada em definitivo por Cristo no Calvário. A trilogia “do poder, do ter e do prazer” aninhou-se no coração do ser humano. Os vícios do “homem velho”, hoje, tornaram-se ainda maiores e avassaladores na alma humana. Uma cegueira domina a sociedade pós-moderna, como nunca houve em tempos passados da história. O velho paganismo derramava o sangue dos mártires da Igreja de Cristo, porque acreditava em seus deuses. Nos dias atuais, persegue-se e mata-se em nome de interesses meramente egoístas. Por mais gritantes que sejam, ignora-se os sinais mais irrefutáveis da presença e atuação do Deus da Vida e da História no seio da humanidade contemporânea.
Por que esta luta contra “a imagem Deus” (cf. Gen 1,27) no ser humano? Porque se desconhece sua eleição, sua dignidade e, também, sua missão, única e intransferível! Cristo feito Homem, “em Maria virgem”, é ainda hoje, o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Como outrora pelo dedo de São João Batista, também nos nossos dias, segue sendo apontado pelo Magistério da Igreja de Cristo! Ela é a “Rocha de Pedro” e, contra ela as “as portas do inferno jamais haverão de prevalecer!” (cf. Mt 16,18s).
Embora combatida até o sangue, a Esposa de Cristo prossegue seu caminho de eleição, santidade e consciência de envio, para “anunciar o Evangelho a toda criatura” (cf. Mc 16,15), até o final dos tempos.
O que o bom Deus espera, então, de nós cristãos de hoje? Que, a exemplo de São João Batista, nós nos identifiquemos com a Igreja como seus membros vivos. Como nos cabe, pois, anunciar o Evangelho?  Acima de tudo, por nossa atitude de vida, seja na vida familiar, profissional, social e recreativa. É ali que nos é requerido o testemunho de nossa consciência de eleição, santidade e envio missionário! Assim, não apenas reconhecemos a soberania de Cristo, Rei do Universo, mas também, estaremos contribuindo para a construção de uma “nova cultura de aliança”, num tempo carente vínculos pessoais e comunitários!
Como no Evangelho, Maria vem, também hoje “às pressas” (cf. Lc 1,39ss), visitar-nos em seus Santuários, onde se estabelece no meio dos povos, a fim de levar-lhes Cristo e santificá-las, como outrora ao filho de Isabel e Zacarias. Assim acontece em Lourdes, Fátima, Guadalupe, Aparecida, Medjugorje e, também no pequeno Santuário de Schoenstatt. Ali Ela sela uma Aliança de Amor, educa as novas gerações, como “discípulas e missionárias de Cristo” (cf. Documento de Aparecida), para que sejam capazes de transformar as dificuldades do tempo atual em tarefas de santificação própria (Pe. José Kentenich, em 18 de outubro de 1914) e sócio-familiar. 
É neste sentido que Bento XVI nos convoca para a abertura do “Ano da Fé”, de 11 de outubro de 2012 a 24 de novembro de 2013. Em sua Carta Apostólica “Porta Fidei” (Porta da Fé), o Papa nos fala com uma linguagem desafiadora: “A Igreja, no seu conjunto, e os Pastores, nela, como Cristo devem pôr-se a caminho para conduzir os homens para fora do deserto, para lugares da vida, da amizade com o Filho de Deus, para Aquele que dá a vida em plenitude”. Foi para isso que São João Batista nasceu e aponta o Cordeiro de Deus, também a nós homens de hoje!

Conclusão

Vamos encerrar esta reflexão com um exemplo prático. Maurice Caillet, venerável de uma loja maçônica, revela em seu livro «Eu fui maçom», (Madrid, Espanha, 2008), os segredos de sua vida anterior à conversão. Nascido em Bordeaux (França), em 1933, especializado em Ginecologia e Urologia, praticou abortos e esterilizações, antes e depois de obterem o amparo legal em seu país. Membro do Partido Socialista Francês, chegou a cargos de relevância na área da saúde pública.
Maurice conta como chegou à descoberta de Cristo: Eu era racionalista, maçom e ateu. Tampouco estava batizado, mas minha mulher Claude estava doente e decidimos ir a Lourdes. Enquanto ela estava nas piscinas, o frio me obrigava a refugiar-me na Cripta, onde assisti, com interesse, a primeira Missa de minha vida. Quando o padre, ao ler o Evangelho, disse: "Pedi e vos será dado: buscai e achareis; chamai e se vos abrirá", aconteceu um choque tremendo em mim, porque esta frase eu ouvi no dia de minha iniciação no grau de Aprendiz e a costumava repetir quando, já Venerável, iniciava os profanos. No silêncio posterior – pois não havia homilia – ouvi claramente uma voz que me dizia: "Pedes a cura de Claude. Mas o que ofereces?" Instantaneamente, e seguro de ter sido interpelado pelo próprio Deus, só tinha a mim mesmo para oferecer. No final da Missa, fui à sacristia e pedi imediatamente o batismo ao padre. Este, estupefato quando lhe confessei minha pertença maçônica e minhas práticas ocultistas, me disse que fosse ver o arcebispo de Rennes. Esse foi o início de meu itinerário espiritual. 
Portanto, ainda hoje repercute forte “a voz que clama no deserto” (cf. Jo 1,33), São João Batista, e provoca conversões, também na vida de homens públicos e influentes!.........................................



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